A minha formação de bióloga pode ter contribuído para manter minha decisão de parir pelo parto normal, pois é fisiológico e com maiores benefícios. Minha primeira gestação foi em 2012, a única coisa que tinha em mente era ter um parto normal. Cheguei a sonhar com um parto intenso, lindo e o nascimento de um menino e uma completa conexão entre nós. Sempre fui muito emotiva e na gestação isso mudou um pouco, porem no primeiro ultrassom ao ouvir os batimentos cardíacos pela primeira vez e ter a consciência de um ser dentro de mim, me emocionei muito. Neste primeiro exame, pela posição que estava o feto no ultrassom era uma chance de 80% de ser um menino, segundo o medico que fazia o exame, mas eu já sabia… Fiz um curso oferecido pela maternidade escolhida porem as informações eram rasas referente ao parto que escolhi e o foco deles eram seus protocolos.Tive poucas informações do trabalho de parto, apenas acreditava que estaria segura no ambiente hospitalar.
Primeiro Parto
Gestação tranquila trabalhei ate bem próximo ao parto, não passei por ansiedade ou desconforto físico no fim da gestação.
Parei de trabalhar na sexta-feira, sábado curti minhas distrações e no domingo fui assisti “Noturno” uma peça musical de Osvaldo Monte Negro (adoro tanto que assisti 3x), Segunda-feira curti meu primeiro dia de licença maternidade e terça de feriado 09/07 amanheci com uma cólica semelhante a menstrual, fui tomar meu café da manha e minha bolsa rompeu, foi um misto de alegria, adrenalina e medo, a hora estava próxima. Fui tomar banho e terminar o café da manhã, afinal não sabia o que poderia ocorrer, isso foi por volta das 07: 00.
Malas prontas no carro, fomos para maternidade conforme instrução da obstetra que nos assistia, foram poucas orientações trabalho de parto, no meio do caminho notamos a falta dos exames pre natal, retornamos para pega-los. De volta ao caminho para maternidade, as contrações estavam leves e eu estava tranquila, chegando na maternidade fizemos exames de rotina e a dilatação estava 4 cm, já era uma 09:00, eu plena. Embora estivesse progredindo com a dilatação, para maternidade eu poderia evoluir “negativamente” devido bolsa rompida (sem infecção ou mecônio), então foi instalado ocitocina sintética. Ai minha amiga, vi a cobra piar, toda a tranquilidade e plenitude correram para longe de mim e veio um misto de dor, ansiedade e medo, sensações péssimas para os hormônios que engrenam trabalho de parto.
Estava em uma sala só, desconhecia o direito do acompanhante em tempo integral e não sabia o que esperar da situação, sem apoio, sem encorajamento, chorei…, pedi por minha mãe…, pedi cesariana…, já estava com 8 cm, no protocolo desta maternidade a partir deste estagio era aplicado a analgesia, o que fazia parte do meu planejamento do parto (único plano). Fomos para o Centro Cirúrgico, sem ninguém conhecido, tive que ter toda coragem do mundo para colaborar com aplicação da analgesia, meu companheiro chegou e começamos a saga de puxos dirigidos e não eficientes, mas pelo menos sem dor. Segundo meu companheiro um anestesista indicou o local correto para fazer força, pois se aproximava o momento de ser usado o fórceps, não houve explicações sobre o cardiotoco para a rapidez dos puxos ou se era um “protocolo” que não me enquadrava. Fiz 3 ou 4 forças eficientes, foi realizado episiotomia sem explicações ou consentimento verbal e então o Vinicius nasceu as 15:09, DPP 16/07, deu 3 espirros e chorou, com 3. 025g, comprimento 47 cm, de 39 semanas, Apgar 8/10, recebeu alta com 2. 860g, não houve Golden Hours, não houve amamentação na primeira hora. Mas considerei ter tido um parto normal e ter sido vitoriosa nos meus planos.
Minha recuperação foi tranquila, o pós epísio foi desconfortável, porém não houve sequelas, mas não justifica o procedimento. Vinicius teve uma amamentação com leite materno ate 1 ano de idade e sem nenhum esforço desmamou.
A sensação de abandono e a intensidade das contrações me fazia pensar muito em ter o próximo filho, porem para mim o parto normal era a primeira escolha.
Segundo Parto
No fim de 2015 engravidei, eram festas de fim de ano e em uma manha Vinicius acordou apontou para minha barriga e disse que havia um bebê ali, e ele estava certo. Depois quando perguntamos: “é menino ou menina?” e também acertou o sexo. Desde de muito antes já tinha em mente o nome que daria aos meus filhos, porem o nome que sempre quis não fluía nas minhas conexões nesta gravidez, quando voltando de uma viagem intui outro nome e assim foi escolhido seu nome. Nesta gestação procurei sozinha por mais informações para o momento do parto. Mantive a mesma maternidade pela comodidade e a mesma obstetra. Não queria episiotomia, mas na época não obtive orientação com base cientifica e não intervi nesta decisão sobre o procedimento.
No dia 11/09 domingo fiz as atividades de casa, fui no mercado e a rotina com o Vinicius, no fim da noite por volta das 22:00 houve um escape de água e fiquei na dúvida se era a bolsa rompida ou não. Porem a água continuou a descer e comecei me preparar pois logo o trabalho começaria. Passei a noite com contrações suaves onde pude descansar. Na manha do dia 12/09 por volta das 06:00 as contrações se intensificaram, levei o Vinicius para minha mãe, e seguida para maternidade chegamos por volta das 08:00, estava entrando na fase ativa. Mesmo com o trabalho progredindo os protocolos da maternidade foram seguidos e a intensidade surreal das contrações, fase animal do trabalho de parto.
Estava com 7 cm de dilatação, fui encaminhada para o Centro Cirúrgico e analgesiada, ai voltei ao normal, fiz 4 forças efetivas pois mesmo com a analgesia percebia as contrações, houve episiotomia embora sem uma justificativa realmente necessária (face olhando para o teto) e então a Sara nasce as 10:25, DPP 19/09, com 3. 125g, comprimento 49 cm, de 38 (3/7) semanas, Apgar 9/10, saiu de alta com 2. 995g, .
Neste parto não houve medo, o local não era desconhecido, a sala cirúrgica era familiar, este conjunto de referencias me fez mais determinada no meu propósito. Ficamos breves minutos com a Sara no colo e foi podido namora-la um pouco, não houve amamentação na primeira hora.
O puerpério inicialmente foi complexo pois eram dois seres dependentes e mais a descarga de hormônios. Porem passei bem pela fase e já fazia terapia o que também me fortaleceu.
O nascimento independe da sua via de parto, o que importa é a melhor decisão para o momento do parto baseado em informações corretas ou informações daquele momento.
O principal do parto, é que ele seja positivo, pois nele nasce um filho e uma mãe.