Normalmente associamos dor a algo negativo, a percepção muda quando se entende a lógico dos sentimentos.
Alguns acham que o crescimento que envolve a dor é cruel, porém estar confortável não necessariamente é bom. Outra percepção de um ângulo destorcido é que tudo que é bom só pode ser agradável.
É introduzido de muitas formas, informações pouco racionais de vários assuntos como benéficos, mas são péssimos para o início da vida. Com o passar do tempo à medida que evoluímos, as dificuldades são resumidas como condições rústicas, e as condições modernas são resolvidas através de facilidades e prazer, mas qual o preço pagamos por este “PRAZER”?
Aceitamos como forma de carinho o auxílio externo de sedar a dor, em forma de medicamento, por exemplo. Ou quando nos é imposto anestesiar a dor, está implícito a crença de que não damos conta de superá-la. Quando desconhecemos o ciclo envolvido podamos a finalização de uma gestação positiva.
Quero deixar claro que não sou contra o uso de medicamentos, em determinados casos o corpo precisa de substâncias sintéticas para se recuperar de alguma doença que foi longe demais. No entanto, o uso de medicamentos para todo tipo de caso não concordo.
Deixo claro também que cada parto é único, e não existe parto isso ou aquilo, cada mulher terá sua experiência positiva necessária a percorrer na sua gestação, parto e pós parto.
Talvez o mais importante seja ser responsável por suas escolhas e não as transferir ao externo. Após descobrir a causa de um problema e não se importar com o crescimento próprio que pode proporcionar, a causa pode ser cômoda, pois há quem responsabilizar.
Não importa o que dizem sobre o parto, importa o que cada mulher quer do seu parto, por quê? Porque quer.
O trabalho de parto faz parte do fim da gestação, se é chegado a hora, a natureza se encarrega de guiar seu corpo e abri-lo para o parto. Ao buscar conhecimento sobre seu parto, a natureza se movimenta para trazer as ferramentas necessárias para o crescimento. Força, coragem e determinação, fortalecerão o desejo da nova fase de vida.
Dor ou desconforto físico (como eu costumo me referir) pode ser um poderosíssimo veículo de consciência. Nós, mulheres naturalmente temos a energia de transformação, possuímos a capacidade de suportar desconfortos físicos por mais tempo, até mesmo psicológicos. As contrações são necessárias para a transformação e liberação do bebê que está dentro, mas agora está maduro o suficiente para viver fora e para o organismo materno não é mais fisiologicamente favorável manter a gestação.
O trabalho de parto entra como libertação do bebê e abertura do portal. O desconforto físico ou não, depende de como este veículo está chegando na consciência. O que o parto quer te dizer com isso?
O processo de plenitude no trabalho de parto vem através do que se aprende e do que se deixa ir. Resistir a necessidade de crescimento pode levar ao desconforto físico mais intenso.
Acredito que não viemos aqui a passeio, trazemos uma necessidade de experiências a ser vividas, com que somos. Esta experiência atrai por afinidade obstáculos que irão trazer ferramentas de superação para o crescimento. Isso não tem a ver com sofrimento e sim oportunidade de crescimento. O parto é do tamanho que se consegue lidar, por isso é importante decidir por ele com consciência e opções.
Imaginem o bebê em um ambiente fechado por mais de 40 semanas, temperatura constante, alimento disponível, bem protegido. De repente a vida começa se expandir oferecendo o primeiro obstáculo para seu amadurecimento. A força vital inicia quebrando a resistência do colo do útero. O bebê ganha seu espaço e ocupa um lugar no mundo. No corpo materno há o favorecendo para abertura do portal, sendo o veículo de passagem para força vital se expandir, a mulher supera seus limites físicos. Parece doloroso quando estamos apegados ao controle da gestação, há um término desta fase e o medo da fase seguinte.
O corpo anuncia a perda de controle através do trabalho de parto, é como se perdêssemos um pedaço de nós. Estar gravida é confortável, pois tornou-se familiar, no entanto, a mulher não é gestante, apenas está fisiologicamente nesta condição. Ao olhar para trás, pós nascimento, percebe-se que o trabalho de parto traz crescimento como humano para mãe e bebê, permitiu-se servir melhor ao que faz sentido na vida, entendendo o bom preço vivido. Todo renascimento traz a luz e a sombra, a parábola de acender e descender, o resultado de dois corpos ocupando seus lugares. A fluidez da vida está em deixar ir.
Respeitar o que somos não está no hábito social circunstancial. As sensações físicas muitas vezes estão associadas a muitos elementos culturais, a valores que levam a uma postura negativa diante de algo natural. Os parâmetros fisiológicos humanos estão se perdendo e gerando confusões. Reconhecer os ciclos e aceitá-los, traz a consciência de escolhas. O parto é um momento de recolhimento, o trabalho de parto é a expansão vital e o nascimento é o fruto do novo ciclo.
O desalinhamento em relação aos ciclos é estar contra a natureza, é estar contra nós mesmo e perder as oportunidades que os ciclos trazem. As sensações físicas no parto é um aliado, uma reação a ação da expansão vital. Confiar na fisiologia é a base da segurança, os obstáculos são as afinidades atraídas pelas proezas de experiências que buscamos.
A necessidade fisiologia de parir é o fim de uma fase dando lugar a transformação. A luz trazida pelo parto também traz a sombra em deixar ir. Porém sairemos deste processo mais fortes, renascidos e mais preparados para próximo ciclo.
A escolha é sua, o parto é seu.
Desejo a melhor experiência positiva que você busca.
Força, coragem e determinação.