O parto humanizado é um conjunto de práticas e procedimentos que buscam readequar o processo de parto dentro de uma perspectiva menos medicalizada e hospitalar, um processo mais humano e acolhedor.
Algumas pessoas podem pensar que é realizar um parto agarrado em uma árvore, não é isso e nada contra quem decide parir desta forma. Outras pessoas pensam: quero parto normal, mas não humanizado…
Parto humanizado esta relacionada a forma mais humana em sem parir, com respeito e utilizando quando necessário as tecnologias atuais.
O conceito de parto humanizado procura estar intimamente relacionado com a individualidade e realidade de cada gestante em relação ao parto. Os três pilares que sustentam o parto humanizado é o protagonismo da gestante, técnicas baseadas em evidências cientificas e a equipe multidisciplinar com a transdisciplinalidade. Utilizando-se de recursos tecnológicos da medicina quando realmente justificáveis.
Procedimentos como induções do parto (hospitalar), episiotomia, tricotomia, são algumas das rotinas que não fazem parte de um parto humanizado, quando estes não possuem justificativas ou não há consentimento da gestante ou companheiro (a).
O profissional de suporte contínuo, a Doula, além do acolhimento físico e emocional, auxilia na prática de técnicas favoráveis ao trabalho de parto, sem uso de métodos farmacológicos. Isso diminui a carga dos demais profissionais de assistência ao parto, concentrando-os para o acompanhamento técnico do nascimento. Contando com a participação ativa do acompanhante, referência familiar para parturiente em um momento de sensibilidade.
O parto humanizado não se limita apenas ao momento do nascimento do bebê mas sim à todo processo da gestação, do parto e do pós-parto. A intervenção médica ocorre pela demanda fisiológica da gestante e/ou o bebê. No parto humanizado não existe um procedimento específico ou normas rígidas a serem adotadas, visto que cada ser humano é diferente, e portanto, cada situação clínica também é.
O parto humanizado não é definido como parto natural (sem nenhum fármaco), a forma como o parto se procederá, será de acordo com a individualidade da gestante baseadas em evidências científicas.
Segundo a professora (ICED-UFPA) Edna Barreto: “o parto mais aconselhável é aquele que a mulher pode ter liberdade, pode fazer escolhas, é respeitada e está bem-informada. Do ponto de vista da medicina baseada em evidências científicas, das boas práticas de atenção ao parto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos protocolos de humanização do nascimento do Ministério da Saúde, o parto mais saudável para as mães e os bebês é o parto normal, sem intervenções desnecessárias”.
Uma das práticas do parto humanizado consiste na busca pelo conhecimento do corpo e da anatomia da parturiente, além de trocas de experiências e discussão sobre o momento do parto com outras mulheres.
Muitos partos humanizados não utilizam analgesia. No entanto o uso da ocitocina sintética (indução farmacológica) com o objetivo de acelerar o parto, em consequência pode aumentar a intensidade das contrações e a gestante pode solicitar analgesia. O conceito de parto humanizado está no respeito a vontade da protagonista do parto, a mulher.
A parturiente pode evoluir de forma muito melhor no trabalho de parto sem o uso de fármacos. A primeira linha de frente para o suporte de desconforto físico no parto é a presença da Doula e as técnicas empregadas para o auxilio a parturiente na “ascensão a montanha”.
Uma das principais preconizações do parto humanizado é o respeito ao processo fisiológico da parturiente. Neste sentido, um parto humanizado pode levar muitas horas. Por isso o suporte contínuo de um profissional, a Doula e o acompanhante da parturiente, são essenciais.
Para criar uma atmosfera favorável para a parturiente e para o bebê, evita-se o uso excessivo de ar-condicionado, de luzes fortes e barulhos. O ambiente do parto humanizado ideal é algo similar ao ambiente intrauterino do feto. Um ambiente em penumbra, com mais privacidade possível, local com maior individualidade para gestante.
Parto não é somente bacia (pelve) e cabeça do bebê, o ambiente interno e externo, posição do bebê, estado psíquico, sistema nervoso, hormônio, estruturas anatômicas, o todo faz parte do parto humanizado.
O ideal após o nascimento é que o corte do cordão umbilical ser feito após ele parar de pulsar. Segundo estudos mais recentes, se há pulsação de sangue no cordão umbilical, há atividade e, consequentemente, existe a entrega de nutrientes para o bebê mesmo que ele já esteja fora da barriga da mãe. Claro que considerando as condições seguras do momento para mãe e bebê.
Logo após o nascimento, o bebê preferencialmente fica no colo da mãe (Golden Hours), pele a pele e não bochecha com bochecha. Neste momento é incentivado o aleitamento materno ou a apresentação da mama ao bebê.
E se depois de todo o trabalho for necessário a cirurgia cesariana, está tudo bem. O parto respeitoso também pode ser alcançado através da cirurgia cesariana (outra via de parto), impor o parto vaginal como regra é retirar das mulheres a real possibilidade de optar por suas escolhas de forma consciente.